20 de maio de 2016

RESENHA | Objetos Cortantes — Gillian Flynn

Título: Objetos Cortantes
Título Original: Sharp Objects
Autor: Gillian Flynn
Editora:
Intrínseca
Páginas:
254
Lançamento:
2015
Onde comprar: Buscapé

Sinopse:

Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.

Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado.

Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.
“Flynn tem um olhar implacável para a imperfeição humana e para o mal que nos circunda.” The Washington Post
Opinião:

Camille Preaker está tentando se estabilizar psicológica e profissionalmente após um período traumático onde os vícios (automutilação e bebidas alcoólicas) tomavam conta de sua vida. Ela vive em Chicago, onde trabalha como repórter num pequeno jornal. Porém, alguns acontecimentos recentes em Wind Gap, sua cidade natal, fazem com que ela tenha que retornar a trabalho para seu antigo lar, do qual escapou 8 anos antes.
“Algumas vezes posso ouvir as palavras discutindo umas com as outras em meu corpo. [...] Ao longo dos anos fiz piadas comigo mesma. Você pode me ler. Quer que eu soletre para você? Eu certamente dei a mim mesma uma sentença perpétua. Engraçado, certo? Não suporto olhar para mim mesma sem estar totalmente coberta. [...] Tudo o que sei é que cortar me fazia sentir segura. Era prova. Pensamentos e palavras, capturados onde eu podia vê-los e rastreá-los. A verdade ardente em minha pele, em uma taquigrafia bizarra. [...]” — Pág. 67
Uma garota foi encontrada morta há alguns meses na pequena cidade, ela fora estrangulada e teve todos os seus dentes removidos. Outra garota está desaparecida e tudo leva a crer que o assassino atacou novamente. Quando Camille chega, ela se depara com uma população em alerta, os que não estão ajudando nas buscas ficam em casa se escondendo e protegendo os filhos do mal que pode estar lá fora.
“— Por que mais você arrancaria os dentes de uma garotinha morta?
— Ele levou os dentes dela?
— Todos exceto a parte de trás de um molar de leite.” — Pág. 18/19
A repórter investigativa que existe em Camille fala mais alto que as palavras escritas em sua pela, ela vê na dor que as pessoas estão sentindo uma forma de conseguir o que quer e precisa, nem que tenha que enganar e decepcionar seus amigos e sua família.
“[...] Curry gosta de dizer que repórteres são como vampiros. Não podem entrar em sua casa sem seu convite, mas, uma vez do lado de dentro, você não consegue expulsá-los até que tenham sugado todo o seu sangue. [...]” — Pág. 107
Camille sempre teve na mão o que sempre quis, de roupas a brinquedos, porém o amor de sua família lhe fora negado. Ela nunca conviveu com o pai, que foi substituído por um padrasto quase invisível; sempre se sentiu rejeitada por Adora, sua mãe; aos 13 anos perdeu a irmã mais velha vítima de um câncer; e não chegou a conviver muito com sua meia-irmã Amma. De uma infância sem afeto, ela se tornou uma adolescente problemática, quebrando paradigmas e se incutindo no mundo sem responsabilidades. 

Agora, enquanto investiga os acontecimentos na cidade, ela conhece um pouco mais sua meia-irmã Amma, que é uma adolescente mimada e manipuladora, amada e odiada na cidade e que esconde muitos segredos. Adora continua sendo a mãe que Camille nunca gostou, neurótica e obsessiva. Camille mergulha no passado e lembra de coisas obscuras envolvendo sua família e que podem estar ligadas aos recentes acontecimentos.
“[...] Minha cabeça doía desde a orelha esquerda, passando pelo pescoço e descendo a coluna. Minhas tripas reviravam, eu mal conseguia mover a boca de tanta dor, e meu tornozelo queimava. E eu ainda sangrava. Podia ver pelas manchas vermelhas nos lençóis. O lado de Amma também estava ensanguentado: um salpicado onde ela ralara o peito, uma mancha mais escura no travesseiro.” — Pág. 193
Com uma escrita magistral e uma trama repleta de reviravoltas, lembranças, crueldade, frieza e dor, o primeiro romance de Gillian Flynn já prenunciava o seu sucesso.

Objetos Cortantes não é uma obra tão impetuosa quanto Garota Exemplar, mas o suspense desenvolvido pela autora nesse drama familiar que foca no psicológico dos personagens (em especial no de Camille, que narra a história em primeira pessoa), consegue nos prender de tal maneira que só nos resta ler freneticamente as páginas em busca do tão aguardado desfecho. O livro recebe
BookTrailer:
Recentemente foi divulgado que os direitos do livro foram adquiridos pelo canal HBO e, a princípio, terá uma temporada com 8 episódios. Mais informações aqui.






6 comentários:

  1. Como você já sabe, eu detestei esse livro. Não consegui encontrar nada que me prendesse à narrativa. Tudo bem que ela desenvolveu bem o universo psicológico da Camille, mas descobri que Gyllian não faz o meu estilo.

    http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/

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    1. Olá Ronaldo, acredito que o estilo da Gillian não deva satisfazer todos. Eu gosto desses livros thrillers psicológicos e acho que por isso me agradou tanto. Entrar na mente dos personagens é uma coisa ótima.
      Abraços

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  2. Respostas
    1. Então não perca tempo! Só leia. Suspenses psicológicos para quem faz Psicologia deve ser tão fascinante quanto para mim que faço Engenharia. heheh
      Abraços

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