15 de fevereiro de 2016

RESENHA | O Hipnotista — Lars Kepler

Título: O Hipnotista (Joona Linna #1)
Título Original: Hypnotisören (The Hypnotist)
Autor: Lars Kepler
Editora: Intrínseca
Páginas: 480
Lançamento: 2011
Onde comprar: Buscapé

Sinopse:

O massacre de uma família nos arredores de Estocolmo abala a polícia sueca, e o detetive Joona Linna exige investigar os assassinatos. Com o criminoso foragido, só há uma testemunha: o filho de 15 anos, que sobreviveu ao ataque. Quem cometeu os crimes o queria morto: ele recebeu mais de cem facadas e está em estado de choque.

Desesperado por informações, Linna só vê uma saída: hipnose. Ele convence o Dr. Erik Maria Bark - especialista em pacientes psicologicamente traumatizados - a hipnotizar o garoto, esperando descobrir o assassino através das lembranças da vítima. É o tipo de trabalho que Bark jurara nunca mais fazer: eticamente questionável e psicologicamente danoso. Quando ele quebra a promessa e hipnotiza o garoto, uma longa e aterrorizante sequência de acontecimentos tem início.
"Um livro perturbador, uma leitura maravilhosa. Uma reflexão definitiva sobre o mal." — The Washington Post

"Em poucas páginas O hipnotista já mostra como esta narrativa é poderosa e terrivelmente apavorante." — The Independent
Opinião:

O Hipnotista é o tipo de livro que nos hipnotiza e nos faz perder o controle do tempo. Nos obriga a mergulhar no inconsciente e mesmo após terminar a leitura você ainda permanece lá no fundo por algum tempo, meditando cada cena de brutalidade, cada episódio e reviravolta.
“Sob a luz fria do saguão, Joona viu que os corpos ensanguentados tinham sido arrastados pelo chão. Gotas de sangue cobriam a chaminé de tijolos aparentes, a televisão, os armários da cozinha, o forno. Joona observou o caos: a mobília virada, a prataria espalhada, as pegadas e marcas de mão desesperadas. Quando parou em frente ao corpo mutilado da garotinha, lágrimas começaram a correr pelo seu rosto. Ainda assim, se obrigou a imaginar com exatidão o que havia acontecido: a violência e os gritos.” — Pág. 29
Um corpo mutilado e parcialmente desmembrado foi encontrado no vestiário do centro esportivo Rödstuhage, em Tumba na Suécia. O morto é o professor de física e química, Anders Ek. Afim de informar o ocorrido e obter informações, um policial vai até a casa dos Ek e encontra toda a família reunida em silêncio... o silêncio da morte! Katja Ek, sua esposa e seus dois filhos, Lisa e Josef Ek estão pela casa, todos mutilados num verdadeiro massacre. Há sangue por todos os lados, o policial se aproxima de cada um, a mulher está morta, a garotinha está morta, o garoto está... não, há pulso!

Josef é a única testemunha, está vivo, mas inconsciente. A única maneira de descobrir quem é o assassino é por meio da hipnose. Então entra em cena o Dr. Erik Maria Bark, o hipnotista. E é em decorrência da hipnose que uma nova trama se instala. Do primeiro crime, surge um novo caso: um sequestro envolvendo um membro da família do hipnotista. Juntos, Joona e Erik, irão fazer de tudo para encontrar o desaparecido e capturar o sequestrador.
“— Depois disso vem o que é chamado de indução — prossegue Erik. — Introduzo uma espécie de comando oculto no que digo e levo o paciente a imaginar lugares e acontecimentos simples. Sugiro um passeio por seus pensamentos, cada vez mais longe, até que sua necessidade de controlar a situação praticamente desaparece. É mais ou menos como ler um livro e ficar tão empolgado que se perde a consciência de estar sentado lendo.” — Pág. 63
Lars Kepler — pseudônimo do casal sueco Alexandra e Alexander Ahndoril — escreve de um jeito que embriaga o leitor, começa com uma página e quando você se dá conta, já perdeu o controle. Utilizando uma narrativa em terceira pessoa, ele capta e transmite a alma e a personalidade de cada personagem, construindo cada um minuciosamente.
“Há duas coisas que ele odeia, pensa, olhando para a pasta. Uma é desistir de um caso, se afastar de corpos não identificados, estupros e roubos não solucionados, casos de agressão e assassinato. A outra coisa que ele odeia, embora de uma forma inteiramente diferente, é quando esses casos não resolvidos afinal são resolvidos, porque, quando velhas perguntas são respondidas, raramente é da forma que se desejaria.” — Pág. 417
Com as cenas e acontecimentos ocorre algo semelhante, o autor vai liberando as informações aos poucos, vai nos instigando... ele solta uma informação que aparentemente não tem relevância na história, e depois de algumas páginas ele revela o que está por trás daquilo. Passado e presente se intercalam à medida que algumas informações são necessárias. As descrições também são perfeitamente bem escritas, trazendo cores e movimentos para as páginas.
“Eles entram e Joona acende a luz principal. A porta do banheiro está escancarada. O cheiro de podridão é insuportável. [...] O rosto está inchado e moscas andam ao redor da boca e zumbem no ar. A blusa azul puxada para cima, a barriga inchada e azul-esverdeada. Profundas incisões negras correm pelos dois braços. O tecido da blusa e seu cabelo louro estão grudados de sangue coagulado. A pele está cinza-clara, e uma rede marrom de veias pode ser vista com clareza sobre o corpo. O sangue estagnado apodreceu dentro do sistema vascular. Pilhas de pequenos ovos amarelos colocados pelas moscas podem ser vistos nos cantos dos olhos e ao redor da boca e das narinas. O sangue inundou o ralo e escorreu para o pequeno tapete do banheiro, cujas beiradas têm uma cor escurecida. Uma faca de cozinha suja de sangue está caída no box ao lado do corpo.” — Pág. 367
Um porém deste livro, que não me incomodou, mas que fez muita gente não gostar dele tanto assim, foi o final aparentemente aberto. Como assim? O caso do esquartejamento da família Ek continuou durante o livro em segundo plano só que o livro termina sem que o caso seja concluído. Por haver uma sequência, chamada O Pesadelo, protagonizada pelo detetive Joona Linna, eu acredito que o caso possa ser concluído nele ou pelo menos seja citado o final que teve o assassino. Mas se não o for, eu não me importo, pois, a vantagem de um final aberto, caso ele seja mesmo aberto, é que podemos criar uma conclusão alternativa. Fora essa pequena observação, não houve nada que me desagradasse.
“Ela pigarreia e avança um passo, mas de repente suas pernas falseiam. As mãos buscam apoio, mas ela não consegue se manter de pé. Cai no chão, bate com a cabeça contra a parede e sente a dor lancinante em seu crânio.” — Pág. 161
O Hipnotista é um verdadeiro coquetel do que há de melhor no gênero suspense e policial, o livro e o autor entram para minha lista de favoritos e levam
Sabe quando bate aquele arrependimento por você não ter lido o livro antes? Aconteceu isso comigo. Eu comprei O Hipnotista e O Pesadelo em 2014 e deixei eles estacionados na estante, sempre adiando a leitura. E te aviso, se você tem ele na estante, pega logo e leia! Se você ainda não tem, compra porque vale muito a pena, não só pela história em si, mas também pela bela edição feita pela Intrínseca, uma das capas mais bonitas da minha estante. Se você já leu, por favor, deixe sua opinião aqui nos comentários.

BookTrailer:
“O sol já está se pondo. A luz baixa brilha nas poças congeladas no estacionamento de visitantes da unidade de neurocirurgia, e o cascalho no asfalto despedaça-se sob os pneus enquanto ele segue para a saída principal. [...] Segue rumo ao norte enquanto a luz que morre borra os contornos do mundo, e pisca para tentar ver melhor. Apenas quando os tons de azul começam a ser predominantes o seu cérebro entende que está escurecendo.” — Pág. 245

4 comentários:

  1. Olá Matheus!
    Atiçou a minha curiosidade atééé o final em aberto rs Não gosto. Para mim a história precisa de uma conclusão, desenvolver tudo para no fim dar as respostas. Mas tirando isso o livro parece muito interessante, um baita suspense!
    Bjs

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    1. Oi Thalita,
      Eu resolvi contar isso para que as pessoas não se decepcionem caso venham a ler. Mas, eu recomendo que você leia. Vale a pena, e caso o livro continuar no próximo volume eu edito e deixo avisado. hehe

      Bjs

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  2. Oi Matheus!
    Caramba, sua resenha me conquistou (eu ia falar que hipnotizou, mas chega de piada ruim no mundo né? kkkkkk)
    Esse é o tipo de livro que eu adoro ler. Investigações policiais, crimes, a mente humana estudada, expondo o lado negro do ser humano. Parabéns por sua resenha, eu não conhecia a obra e agora eu sou uma pessoa mais feliz com essa indicação hahahahahaha
    mas como pessoa curiosa que sou, já vi que vou ter que ter pelo menos os dois livros antes de começar a leitura, chegar nesse final aberto e não ter o segundo ia me deixar doida hahaha
    já estou acompanhando o Blog e esperando novas dicas! Se importa que eu indique sua resenha lá no blog??

    Uma ótima noite!
    Pandora
    Pan's Mind

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  3. Olá Pandora!!!

    Fico feliz em ler um comentário tão motivador. Eu espero ler O Pesadelo no início de março, e assim que eu ler já posto a resenha aqui. Espero gostar porque segundo todos as pessoas que leram os dois, o segundo é melhor. hehe
    Claro que pode indicar, serei muito grato! Já vou correr lá e conhecer o seu.

    Boa Noite, abração!

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