21 de fevereiro de 2016

RESENHA | Colega de Quarto — Victor Bonini

Autor: Victor Bonini
Editora: Faro Editorial
Páginas: 280
Lançamento: 2015
Onde comprar: Buscapé

***Livro Cedido por Parceria***

Sinopse:

Eric Schatz, carioca que se mudou para São Paulo por conta do curso universitário, começa a perceber indícios de que há mais alguém frequentando o seu apartamento.

Primeiro, um par de chinelos.

Então, uma outra escova de dentes. Um micro-ondas que é ligado sozinho durante a noite, barulhos estranhos a qualquer hora e luzes que se apagam de modo misterioso.

Até que, em determinada noite, Eric enxerga o vulto do colega de quarto entrar em seu apartamento pela porta da frente.

Desesperado, o rapaz vai atrás de um detetive particular, mas parece ser tarde demais. Em menos de 24 horas, tudo acontece de modo acelerado e depois de uma ligação desesperada, cortada abruptamente, Eric despenca da janela do seu apartamento.

Em seu livro de estreia, o autor nos apresenta uma história urbana de tirar o fôlego. Um mistério que passa por uma relação familiar complicada, suspeitas por todos os lados, e camadas e camadas de culpados. Há alguém inocente?

Opinião:

Você chega em casa à noite e a sua TV está ligada. Vai ao quarto e se depara com um par de chinelos que nunca viu. Entre no banheiro e uma nova escova de dentes está na pia. Deita e fica remoendo tudo aquilo, tentando ver alguma lógica na situação. Depois de algumas horas, quando está quase dormindo... seu micro-ondas é ligado. Uma descarga é acionada. Uma luz se acende sozinha. O que você acha que poderia estar acontecendo? Você poderia pensar que seu lar está assombrado, que há alguma entidade maligna te colocando medo. Ou que está ficando louco. Ou mesmo que alguém está te pregando uma peça.
“[...] Viu a silhueta de um homem entrar em seu apartamento pela porta entreaberta. O medo invadiu seu corpo na forma de uma sensação gelada que lhe percorreu a nuca causando-lhe calafrios.
Não era sua imaginação. Vira mesmo um homem entrar em seu apartamento. Julgara que sua suposta neurose se limitasse às pistas a serem achadas no imóvel. Nunca sonhara que a coisa chegaria a esse ponto de exposição. Não supunha que chegaria a vê-lo pessoalmente — o seu colega de quarto invisível.” — Pág. 15
O que você faria nessa situação? Iria em um psicólogo? Chamaria a polícia? Mudaria de casa? Que tal um padre exorcista? Faria o quê? Eric Schatz procura um psicólogo e um detetive particular, mas eles simplesmente dizem que não podem ajudar. O que fazer em seguida? Eric Schatz despenca da janela de seu apartamento no 15º andar.

Suicídio? É o que todos dizem. Mas o advogado e detetive particular Conrado Bardelli, sentindo-se culpado, começa a investigar a morte do garoto. Seu faro de detetive diz que há muita coisa por trás daquilo. Muitas perguntas precisam ser feitas e muitas respostas precisam ser obtidas. Todos são culpados até que se prove o contrário.
“[...] — Sempre encarei o suicídio como um desvio de personalidade. Pessoas fracas é que desistem de tudo, pessoas fracas é que resolvem se esconder dos problemas. Só os fracos são covardes o suficiente para se suicidar e fugir da realidade. São como aqueles românticos de antigamente que pregavam um escapismo patético para se verem livres dos desafios. Mas aí vai uma verdade para os românticos que existem ainda hoje: a vida é feita de desafios e só os fortes têm a capacidade de derrotar os obstáculos. Isso é óbvio.” — Miranda Schatz, Págs. 71/72
Lyra, como é conhecido o detetive Conrado Bardelli, é um advogado de meia idade que ultimamente tem vivido uma rotina tediosa em meio a suas crises de asma, está cansado de resolver casos e mais casos de divórcio. Há muito tempo ele não tem um caso especial em suas mãos. Então abraçar o caso de Eric parece o melhor a se fazer para fugir de tudo isso. Sua perspicácia, aliada a uma inteligência racional e dedutiva de primeira, levará Lyra até o último suspeito.
“— Sou da opinião de que quase tudo o que acontece há obrigatoriamente uma reação instantânea. Se você joga um chiclete no chão, alguém atrás de você vai pisar nele e te xingará por isso. Se você esconde o cadáver de um mendigo em um terreno baldio, por mais que o homem não tenha família que o procure, o padeiro que costumava dar pão ao cara no almoço notará a ausência do seu fiel pedinte e acionará a polícia...” — Lyra, Pág. 194
Por mais que eu só tenha lido um livro da Agatha Christie até o momento, que foi Um Brinde de Cianureto, eu pude perceber que Victor Bonini adotou alguns traços da Rainha do Suspense em sua obra. Não sei dizer se o autor já leu esse livro especificamente, mas eu encontrei similaridades no enredo, tanto por essa dubiedade suicídio x homicídio, quanto à forma que o detetive Lyra conduz e conclui o caso, que se assemelha ao do Coronel Race. Coincidência ou não, o autor fez seu trabalho de forma única.

Victor Bonini arquitetou uma excelente trama. Repleta de surpresas e reviravoltas com um quê de sobrenatural, o autor nos prende e nos faz mudar de opinião a todo instante. Muitas referências que vão do Rock e Metal a obras como Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez estão presentes no livro. Um clássico romance policial escrito por mãos brasileiras em tempos modernos. Com uma escrita ágil e sem adornos, Bonini e seu primeiro romance despontam e se firmam entre os melhores do gênero no país.
“[...] O detetive sentou-se na sala e fechou os olhos por um segundo. Sentiu o silêncio tocar-lhe o corpo, o cheiro de abandono arrepiar seus pelos. Viu-se impelido a abrir os olhos novamente para lutar contra os calafrios.” — Pág. 228
Não costumo comentar as edições dos livros, mas a qualidade da Faro Editorial me deixou boquiaberto. Só quem tem o livro em mãos pode confirmar que em todos os sentidos eles estão de parabéns. Da capa à diagramação, dos materiais utilizados à revisão. O livro certamente leva
BookTrailer:
 
Ficou interessado? Então corra, leia logo esse livro e deixe o colega de quarto te visitar. Se você já leu, conte como foi a sua experiência aí nos comentários.

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