21 de setembro de 2016

RESENHA | O Pesadelo — Lars Kepler

Título: O Pesadelo (Joona Linna #2)
Título Original: Paganinikontraktet (The Nightmare)
Autor: Lars Kepler
Editora: Intrínseca
Páginas: 448
Lançamento: 2012
Onde comprar: Buscapé

Sinopse:

Após conquistar os leitores em O Hipnotista, o detetive Joona Linna está de volta em O Pesadelo. Best-seller internacional, o thriller policial de Lars Kepler foi aclamado por público e crítica em dezenas de países. Agora, o autor nos deixa sem fôlego com um novo quebra-cabeça, cujas peças o detetive mais carismático, intuitivo e obstinado da Suécia precisa encaixar.

Tudo começa quando a polícia descobre o corpo de uma jovem dentro uma lancha à deriva no arquipélago de Estocolmo. Seus pulmões estão cheios d’água e os médicos legistas afirmam que ela morreu afogada. No entanto, o barco está em perfeito estado e o corpo e as roupas da mulher estão secos. No dia seguinte, um alto funcionário do governo sueco aparece enforcado em seu apartamento. Ele flutua no ar enquanto uma enigmática música de violino ressoa por todo o ambiente. Tudo indica que foi suicídio, mas o salão tem pé-direito alto e não há nenhum móvel em volta no qual ele possa ter subido.

Encarregado de desvendar os dois mistérios, o detetive Joona Linna tenta estabelecer um vínculo entre esses acontecimentos que, à primeira vista, não têm relação. Ao descrever o curso vertiginoso de eventos para os quais a lógica é um mero prelúdio, o mais assustador em O pesadelo não são seus crimes horripilantes, mas a psicologia obscura de seus personagens, que mostram como somos todos cegos a nossas próprias motivações.
Opinião:

Assim como em O Hipnotista (resenha aqui), o casal sueco Alexandra e Alexander Ahndoril, que escreve sob o pseudônimo de Lars Kepler, arrebenta com tudo. Eles conseguem misturar o brutal com o psicológico dos personagens, possuem sangue frio para descrever as piores cenas de violência e ao mesmo tempo a delicadeza para tocar as notas de um violino através das palavras. Não vou me ater ao enredo do livro pois a sinopse já mostra sua essência, mas já adianto que vai muito além disso, nada é o que parece.
“A luz quente do sol espalha-se na sala, vindo de janelas altas. [...] está pendurado no centro da sala espaçosa. Moscas caminham sobre seu rosto branco e para dentro das órbitas e da boca aberta para colocar seus pequenos ovos amarelados. Elas também zumbem acima da poça de urina, bem como da esguia maleta preta no chão. A corda de varal fina cortou um pouco o pescoço de [...], produzindo um profundo sulco vermelho. Escorreu sangue pela frente da camisa.” — Pág. 30
O Pesadelo levanta divergentes opiniões, alguns consideram que a leitura é, literalmente, um pesadelo por suas minúcias e descrições, outros leem o livro porque acham a capa bonita e despejam xingamentos quanto não encontram o que esperavam, por fim existem aqueles que, assim como eu, encontraram no livro uma miscelânea dos melhores elementos de um bom thriller, ou seja, muita ação, reviravoltas, tensão e excitação.

Os autores mais uma vez conseguiram dar vida e desenvolver seus personagens muito bem, em especial o detetive Joona Linna, que nos foi mostrado não só como um policial em busca de justiça, mas também conhecemos o seu lado humano, seus sentimentos e origens. Claro que ele não foi totalmente dissecado, há muito ainda a ser contado sobre ele nos próximos livros, mas nesse segundo caso escrito eles nos permitem aproximar e conhecer melhor o protagonista.
“Suas mãos tremem enquanto tenta discar um número no telefone. Ouve o piso ranger quando alguém entra rapidamente na sala. Não há tempo de telefonar. Tenta chegar à janela, para poder gritar para a rua pedindo ajuda, mas alguém agarra seu pulso enquanto enfia um instrumento frio em seu pescoço. Ele não percebe que é uma arma de choque: 69 mil volts de eletricidade pulsam por seu corpo.” — Pág. 368
Os mortes aqui, são movidas pelo poder e motivadas por traição, envolvem política e pessoas da alta sociedade sueca, onde ser desleal significa romper relações, tendo que pagar as dívidas com o seu pior pesadelo, o que pode ser a própria morte ou a morte daqueles que mais ama. Os métodos? Aquele que mais der medo ou perturbar o personagem. O livro possui morte por facadas, incêndio criminoso, arma de fogo, suicídio encenado etc. São casos aparentemente isolados que no fundo têm a mesma origem, a qual vamos descobrindo aos poucos.
“O homem joga o fósforo na grama encharcada de gasolina. Ela faz um som de sucção, como uma vela de barco quando se enche de vento. Chamas azul claras brotam com tal força que o homem tem de recuar. O garoto está gritando por ajuda. O fogo cerca o barracão rapidamente. O homem recua mais alguns passos. Sente o calor no rosto; ouve os gritos terríveis.” — Pág. 91
O quebra-cabeças vai se formando aos poucos, a medida em que Joona e Saga, uma detetive que cruzou seu caminho, vão encontrando as peças e rearranjando-as. O livro é repleto de perseguição, sangue, tiroteios, o que te deixa sem fôlego a todo instante, mas nunca abandona sua linhagem psicológica e humana, abordando sentimentos e temas mais densos para nos deixar respirar e refletir.

Por que citei violino durante a resenha? Pois grande parte da história envolve a música. Seja com personagens que tocam, seja com outros que ouvem, ou mesmo aqueles que matam. O título original do livro em sueco, Paganinikontraktet, poderia ser traduzido como Contrato Paganini, que são contratos firmados durante o livro e que possuem a peculiaridade de terem que ser assinados ouvindo-se músicas de Paganini, que foi um compositor e violinista italiano que revolucionou a arte de tocar violino, mas isso é curiosidade e você vai descobrir mais ao ler o livro.

Não sei se você leitor gosta de ouvir música enquanto lê, mas eu li o livro ao som de violinos e foi uma excelente trilha sonora, causando arrepios e tensão. Se você gosta de bons livros policiais esse aqui cumpre muito bem o seu papel. Não é perfeito, mas irá te envolver e te proporcionar ótimos momentos. Avalio em 
OBS.: No final do livro há um possível gancho para o próximo livro, que em Portugal levou o título de “A Vidente”. Os dois primeiros livros de Lars Kepler foram lançados pela Intrínseca aqui no Brasil, que por sinal fizeram uma linda edição. Como já se passaram 4 anos do lançamento de O Pesadelo, acredito que eles não continuarão lançando os próximos, mas não custa perturbá-los para que lancem. Então se vocês gostarem do livro, mandem e-mail, comentem nos posts do Facebook deles, vamos tentar trazer mais livros dos autores para o Brasil.

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