13 de novembro de 2015

RESENHA | Carrie, a Estranha — Stephen King

Título Original: Carrie
Autor: Stephen King
Editora:
Suma de Letras
Páginas: 200
Lançamento:
2013
Onde comprar:
Buscapé

Sinopse:

Carrie, a Estranha narra a atormentada adolescência de uma jovem problemática, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como as garotas de sua idade. Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, objetos voam, portas são trancadas ao sabor do nada, velas se apagam e voltam a iluminar, misteriosamente.

Aos 16 anos, desajustada socialmente, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram. A vendeta vem à tona de forma tão furiosa e amedrontadora que até hoje permanece como exemplo de uma das mais chocantes e inovadoras narrativas de terror de todos os tempos.

Com tantos ingredientes de suspense, Carrie, a Estranha logo se transformou num enorme sucesso internacional e passou a integrar a mitologia americana. Ao ser transportado para as telas, em 1976, pelas mãos de Brian de Palma, teve a atriz Sissy Spacek e John Travolta em seus papéis principais. Agora, a nova versão cinematográfica, lançada em dezembro de 2013, é estrelada por Julianne Moore e Chloë Grace Moretz.

Opinião:

Estou certo que milhões de pessoas ao redor do mundo já leu, viu os filmes ou, pelo menos, já ouviu falar da menina Carrie. Eu já tinha ouvido falar, já até sabia mais ou menos o que acontecia na história, mas nunca vi nenhum dos filmes e só agora li o livro. Tenho essa mania de ver o filme só depois de ler o livro (nos casos em que eles são baseados em livros, é claro!).

Neste livro, conhecemos a personagem Carrie White, uma menina diferente, que sempre é a vítima, tudo ao seu redor conspira, tudo dá errado, ninguém gosta dela... Eu teria pena se não soubesse que ela fora agraciada com um dom. Um único e peculiar dom: ela tem poderes sobrenaturais, e pode usá-los sem mover um único dedo, só seu pensamento já é capaz de transformar o mundo num inferno. Ela nasceu com esse dom, mas só descobriu de fato que o possuía, aos 16 anos, quando algo terrível aconteceu em sua vida. A partir daí, dia após dia, ela vai treinando e desenvolvendo sua força para se vingar de todos que um dia já lhe fizeram mal.
“Margaret White foi lentamente do quarto até a sala. [...] Ah, ela conhecia o poder do Diabo. Sua avó mesma tinha esse poder. Conseguia acender a lareira sem sair da cadeira de balanço ao lado da janela. Fazia seus olhos (não permitirás que uma bruxa fique viva) brilharem como olhos de bruxa. E às vezes, na mesa de jantar, o açucareiro começava a girar loucamente feito um dervixe. Sempre que isso acontecia, vovó ria feito louca e babava e fazia o sinal do Mau-olhado em volta dela.
[...]
Ela conseguia sentir,
sentir realmente, a força do Diabo agindo em Carrie. Ela subia pela pessoa, levantando e puxando como dedinhos malvados a fazer cócegas…” — Págs. 124/125
O trecho citado acima narra um, dos diversos devaneios, de Margaret, a mãe de Carrie. Ela é uma personagem marcante na história, pois é uma fanática religiosa de último grau que inferniza a vida de Carrie com suas loucuras. Não só ela, mas todos os personagens são muito bem construídos, é uma das características marcantes do autor. Não vou dizer mais nada do enredo, a sinopse já entrega bastante e desejo que vocês conheçam a obra não apenas lendo a resenha, mas quero que vocês leiam o livro, pois somente assim poderão desfrutar o poder, a vingança e o constante inferno na vida de Carrie White.
“As alas das salas de aula estavam apagadas e quietas e desertas; o saguão estava iluminado com um clarão amarelo padrão, e a parede de vidro que formava o lado leste do ginásio deixava passar uma suave luz alaranjada que era algo etéreo, quase fantasmagórico. Outra vez o gosto amargo, e o desejo de atirar pedras. ” — Pág. 117
Foi o segundo livro do “Mestre do Terror” que eu li esse ano e em toda minha vida (o primeiro foi O Iluminado); foi a obra que impulsionou a carreira de Stephen King como escritor, que o colocou entre os autores mais vendidos e venerados de todos os tempos, principalmente no cenário do terror. Mas é fato, e pode ser comprovado por todos os amantes da literatura de horror, que Stephen sabe como transportar seus leitores para mundos e realidades totalmente diferentes. Ele é um King das histórias de suspense e terror. Sua narrativa é muito bem elaborada e detalhada, mas isso não é um ponto fraco, é o que faz a coisa mais irracional e impossível se tornar palpável.
“A faca escapuliu da pedra de amolar, e num instante cortou a palma de sua mão embaixo do polegar.
Ela olhou para o corte. O sangue saía da ferida aberta devagar, grosso, escorrendo de sua mão para o linóleo gasto do chão da cozinha. Então, ótimo. Estava ótimo. A lâmina provara a carne e tirara sangue. Ela não tapou o corte, mas deixou o sangue cair em cima do gume e embaçar o brilho afiado da lâmina. Então continuou a amolar, sem ligar para os pingos que lhe manchavam o vestido.” — Pág. 134
Nesse livro especificamente, o autor vai construindo aos poucos os personagens, revela trechos do passado, narra o cotidiano, vai pincelando aos poucos para formar uma grande e majestosa pintura (e ele utiliza muito sangue como tinta). O ritmo da narrativa é crescente e no final o coração está quase saindo pela boca. O único porém, que foi o motivo maior desse livro não ter entrado para minha lista de favoritos, é que a forma utilizada para contar a história não me agradou tanto quanto O Iluminado. Vou explicar: ele escreve mesclando tipos diferentes de narrativas, utiliza trecho de notícias, inquéritos policiais, notícias e artigos científicos. Isso enriqueceu o texto, mas senti que houve uma quebra na leitura, é como um ponto final no meio da frase. Não se atenham a esse comentário, pois é a minha opinião e vocês poderão discordar totalmente quando lerem o livro.
“A estrada se desenrolava à frente deles em pretos e brancos fotográficos, e o velocímetro vibrava na marca dos 120. [...] Mas o carro: o carro alimentava-o com poder e glória por suas próprias linhas místicas de força. Transformava-o numa pessoa que inspirava respeito, que possuía mana. Não era por acaso que a maioria de suas transas foi no banco traseiro. O carro era seu escravo e seu deus. Dava e podia tirar...” — Pág. 116
Enfim, essas foram as minhas considerações e comentários. Agora gostaria de saber a opinião de quem já leu ou a de quem se interessou em ler. Comentem aí embaixo o que acharam (para quem já leu) ou quais suas expectativas para a leitura. 





6 comentários:

  1. Olá Matheus!
    Ótima resenha. Gosto muito de Carrie. O considero um livro bastante triste. Não sei se na sua edição contem, mas na minha King conta um pouco da inspiração para o livro. Carrie é baseada em duas garotas que ele conheceu quando bem jovem.
    Bjs

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    1. Olá Thalita,
      Muito Obrigado, fico feliz em te ver aqui mais uma vez. Na minha edição tem essa introdução sim. É uma história triste mesmo, pelas causas e consequências.
      Bjs

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    2. Concordo contigo quando diz que a escrita detalhada de Stephen trona seus livros mais convincentes. E ao contrário de você, já havia visto o filme antes, o que me deu uma dor no coração, ler Carrie desabrochando, sabendo o que aconteceria no final.

      http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/

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    3. Haha, ainda não assisti o filme, nenhum dos dois, mas pretendo ver em breve e analisá-los. Carrie é top.
      Abraços

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  2. Que resenha incrível! O primeiro livro (e até agora, único) que li do Stephen King também foi O Iluminado, estou com mais dois dele aqui em casa, e tenho muita vontade de ler Carrie. Descobri seu blog em um grupo no facebook, e acho que vou ficar mais um tempo por aqui explorando as suas resenhas!

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    1. Muito Obrigado Lethycia! Fico feliz que você tenha gostado do nosso conteúdo. King é um mestre! Eu comecei por O Iluminado e o meu segundo livro dele foi Carrie. Estou lendo Escuridão Total Sem Estrelas e amando. Em breve posto a resenha aqui.
      Continue por aqui e volte sempre!
      Abraços

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