12 de julho de 2016

RESENHA | Os Condenados — Andrew Pyper

Título: Os Condenados
Título Original: The Damned
Autor: Andrew Pyper
Editora: DarkSide Books
Páginas: 320
Lançamento: 2016
Onde comprar: Buscapé

Sinopse:

Danny Orchard conseguiu enganar a morte e ganhou uma segunda chance para viver. Só que ele não voltou do inferno sozinho. Em Os Condenados, Andrew Pyper, autor do fenômeno O Demonologista, explora as conexões de amor e ódio entre irmãos gêmeos, numa história sobrenatural digna de pesadelos.

Danny passou por uma experiência de quase-morte em um incêndio há mais de vinte anos. Sua irmã gêmea, Ashleigh, não teve a mesma sorte. Danny conseguiu transformar sua tragédia pessoal em um livro que se tornaria um grande best-seller. Ainda que isso não signifique que ele tenha conseguido superar a morte da irmã. Claro, ela nunca mais o deixaria em paz.

Mesmo depois de morta, Ash continua sendo uma garota vingativa e egoísta, como sempre. Mas agora que seu irmão finalmente tenta levar uma vida normal, ela se torna cada vez mais possessiva. Danny parece condenado à solidão. Qualquer chance de felicidade é destruída pelo fantasma de seu passado, e se aproximar de outras pessoas significa colocá-las em risco.

Opinião:

Pensaram ser possível apagar o incêndio de uma alma diabólica utilizando o próprio fogo. Contudo as chamas destruíram a casca e alimentaram a maldade que existia em seu ser.

1973: A alegria veio acompanhada de uma terrível dor. Os tão desejados filhos gêmeos do casal Orchard morrem no parto. Os médicos fazem de tudo e, por um “milagre”, conseguem trazê-los de volta à vida. Mesmo com as complicações do parto, os gêmeos bivitelinos Danny e Ashleigh Orchard crescem saudáveis, cada um desenvolvendo habilidades e personalidade diferentes. Em oposição a Danny, que era um garoto aparentemente recluso, tímido e comum, Ash era extrovertida, inteligente e chamava a atenção de todos com seus lindos cabelos loiros e olhos extremamente azuis.  
“Éramos gêmeos fraternos, ainda que você não necessariamente percebesse isso de imediato. [...] Se você nos tivesse conhecido naquela época, chegaria à conclusão de que a vida havia, visivelmente, preferido um de nós em detrimento do outro. No entanto, quando a morte caiu sobre nós, escolheu ela, não eu, mantendo-a em seu domínio e atirando-me de volta para um mundo que, sem a presença da minha irmã, eu mal conseguiria reconhecer.” — Pág. 23
Essa era a fachada, o que as pessoas enxergavam. A menina, aparentemente doce, era a encarnação do mal. Ash fazia coisas terríveis e não sentia nenhum remorso por isso, era alheia a sentimentos, uma autêntica psicopata crescendo dentro do lar dos Orchard. A medida que a maldade da garota aumentava, a família ia se desfazendo: o pai passou a ficar cada vez mais longe de casa, a mãe entrou em depressão e decidiu se afogar no álcool e o pobre Danny acabou por se tornar o principal alvo da crueldade da irmã.
“O que era importante que eu visse não era a violência, a sedutora facilidade com que a serra separou dois dos dedos de Brendan Oliver do corpo dele, ou o jato de sangue que fez o que poderia ser um coração desenhado na parede, mas como ela o manipulara para que ele mesmo fizesse aquilo. Ele não tentou impedi-la, não protestou. Estava tão interessado quanto eu em ver o que ela havia planejado para ele. [...]” — Pág. 33
Detroit, 1989. Não sei se podemos classificar como sorte ou azar, mas uma casa foi incendiada e os gêmeos, que estavam no local, foram as vítimas desse terrível incidente. Ash morreu carbonizada no porão e Danny conseguiu sobreviver, mesmo tendo sido considerado morto (novamente) por alguns minutos.

Mais de vinte anos depois, Danny lançou um livro contando sua experiência pós-morte: “O Depois” tornou-se um grande sucesso e fez dele uma pessoa requisitada em diversas reuniões e palestras por todo o mundo. Porém, se engana quem pensou que a vida dele se tranquilizaria com a morte da irmã, pois Ash continuou a assombrá-lo e a persegui-lo em todos os lugares.
“[...] Fantasmas são os mortos que conseguem se fazer visíveis, mas basta você ver que não podem fazer nada que eles perdem seu poder.
No entanto, eu estava errado.
Fantasmas
podem fazer coisas. Eles podem falar, tocar, manter o rosto deles sobre o seu, de forma que a primeira coisa que você vai ver ao acordar é a cara deles.
E se encontrarem uma ponte capaz de transportar um número suficiente deles do lado de lá para cá, eles podem matar.” — Pág. 60
Por mais incomum que possa ser, Danny até se acostuma com a presença da irmã. Todavia, quando ele conhece alguém e decide montar a sua própria família, Ash se alimenta com o ciúme, se mune com a ira, e vai com tudo para cima deles. Ela não têm limites, está cada vez mais forte e não descansará até que o irmão seja só seu novamente. É aí que começa a correria, uma luta enlouquecedora e incessantes tentativas para dar fim às perversidades da irmã morta.
“O cheiro me faz dar um passo para trás.
Uma onda de açúcar rançoso. Perfume que não conseguia disfarçar o aroma de carne podre. Tão denso que me cercava como um cobertor, pesado e úmido. Encharcado com a doçura pútrida dos mortos.” — Pág. 77
Andrew Pyper conseguiu mais uma vez escrever um livro de terror com um ritmo eletrizante, um suspense crescente que nos envolve como o cheiro podre da carne em decomposição. Uma história de fantasma perturbadora que tem como cerne a doentia natureza humana e, como plano de fundo, as idas e vindas de um homem ao mundo dos mortos.

Alguns de vocês podem estar receosos em ler Os Condenados, temendo que o autor possa decepcioná-los com aquele final mal desenvolvido, assim como fez em O Demonologista (resenha aqui), contudo lhes digo que dessa vez Pyper concluiu o livro de uma forma magistral, surpreendendo e atando todos os nós. Sendo assim, posso dizer que foi uma das melhores leituras do ano e o livro entra para o hall dos meus livros favoritos. 
“Os atos desta vida formam o destino da próxima.” — Pág. 181
Em se tratando da edição, a DarkSide seguiu a mesma linha de O Demonologista, ou seja, está impecável. Parece que o livro foi retirado de um incêndio com essa capa preta e os detalhes da lombada. As xilogravuras do artista nacional Ramon Rodrigues deram o ar de terror que faltava na edição. Abaixo, algumas das imagens presentes no livro, que foram tiradas da página do artista (estou sem câmera, por isso não tiro da minha edição).
BookTrailer:

11 comentários:

  1. Oi, falei que ia vir conferir! uallll que resenha! Curiosíssima pra ler, vou passar esse na frente de uma lista de livros ♥...
    Beijos, Jana!

    Blog Eu Li nas EntreLinhas

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    1. Oi Jana! Vale muito a pena apressar sua leitura, eu tinha uma lista de 9 livros para ler nas férias, no entanto, quando esse chegou e peguei ele pra ler e li rapidinho. Depois vem contar o que achou.
      Abraços

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  2. eu comprei
    O Livro Os Condenados de Andrew Pyper
    na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi Campinas
    esperando chegar amei a resenha

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    1. Obrigado Cláudio!
      Quando terminar de ler volte aqui para nos contar a sua experiência com o livro.
      Abraços

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  3. Comprei o livro ontem!
    Só por causa da sua resenha maravilhosa! Hahaha
    Espero ser bom mesmo!

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    1. Oi Ana Paula! Muito obrigado pelo elogio. :3
      É muito bom sim, leia e volte aqui pra me contar o que achou.
      Grande abraço!

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  4. Adorei sua resenha mas agora estou com "medo" de ler o Demonologista e não gostar... E eu não sabia que as imagens do livro eram de um artista nacional, muito bom saber disso!
    Vou deixar o link do meu blog se vc quiser conhecer. Aproveite também para participar do sorteio: todos os comentários em postagens de setembro e outubro estão concorrendo
    http://livroslapiseafins.blogspot.com.br/

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    1. Olá Diovana,
      Não precisa ter "medo" de ler O Demonologista, o livro também ó ótimo,vai te prender muito, a história tem um ar de Robert Langdon correndo atrás de pistas com um pouco de sobrenatural, só não espere muito do final, pois parece que foi escrito com pressa e não acabou muito bem, deixando um sabor de quero mais. Mas recomendo ler ele depois de Os Condenados.
      Grande Abraço e passarei no seu blog sim. ;-)

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  5. Eu li O Demonilogista e gostei bastante do "durante". O final foi...apenas o final. Estou no início deste e já estou muito feliz em saber que aquela demônia morre nos primeiros capítulos do livro.

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    1. Hahahaha

      Aline, espero muito que te agrade, depois vem contar aqui a sua opinião.

      Bjs

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  6. Não gostei muito do livro. Muito previsível e sustos que se repetem porque sempre que esta acontecendo alguma coisa estranha você já sabe o q (quem) a está causando porque é óbvio! Não criei nenhum tipo de "afeto" pelos personagens. Uma história rasa e óbvia. Pra mim falta muuuuuito desenvolvimento dos personagens, falta deixá-los mais humanos, e acho que estar em primeira pessoa ajudou a deixar o livro pior.

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